sexta-feira, 14 de maio de 2010

Um brinquedo do desejo

Acabo de ler uma matéria sobre uma descoberta incrível que se deu na Alemanha há pouco. Trata-se de um "brinquedo sexual", como foi chamado no texto, datado como tendo 28 mil anos de idade. Tal notícia foi escrita em uma coluna chamada "Mundo Bizarro", que por sinal adoro e leio sempre. Lá mostra as maiores esquisitices e loucuras que acontecem ao redor do mundo. Sempre dou boas risadas e admiro mais e mais a nossa maravilhosa condição de Seres Humanos.
Ocorre que dessa vez fui completamente tomada pela surpresa daquela descoberta! Um "brinquedo sexual" de 28 mil anos de idade não é nada bizarro! É, ao contrário, uma íncrivel descoberta para a humanidade!
Gostaria que o mundo desse conta de tal importância, e que pudesse enxergá-la como uma prova dos estudos e teorias psicanáliticas. Está em voga dizer que a psicanálise é uma teoria ultrapassada, que nos dias atuais ela não mais se encaixa, que não há espaço para tal psicologia. Mas posso dizer que tal empenho em negligenciar essa lógica da nossa psique nada mais é do que o empenho da resistência em recalcar a própria ideia do inconsciente.
O inconsciente é conceito fundamental, e não apenas um conceito, é um aspecto original da nossa condição. Para quem acredita nessa instância, o mundo é um lugar diferente. Para quem não acredita, esse mundo tem muitas explicações lógicas; mas como acreditar ou não, não interfere na existência do mesmo, tais pessoas convivem com questões que para eles jamais serão inteligíveis.
Trago o conceito de inconsciente para diferenciar os Seres Humanos do Animais. O Homem porta em si, em seu aparelho psíquico, divisões que o difere dos animais. Logo, ao nos referirmos aos Homens não podemos chamá-los de indíviduos. Esses se referem aos que não portam a divisão, são seres da consciência, ou seja, os animais. Dizer que os animais não raciocinam é demais obsoleto, é demasiado ignorante. Bichos possuem sim a consciência, mas somente ela. O inconsciente é característica do Homem, esse bicho que fala, que produz arte, que faz sexo por prazer. E agora se a questão 'mas o que isso tem haver com a descoberta Alemã?' surgiu, quer dizer que estou no caminho certo...
O homem é o Ser do sexo por prazer. Não é feito por essa raça o sexo somente à fins de reprodução. Foi com essa afirmação, há 100 anos atrás, que Sigmund Freud causou furor na comunidade médica, na sociedade mundial. Ele diferiu Homem e Animal ao fundamentar tal teoria em maravilhosos escritos. No que concerne aos sexos desses dois bichos ele afirmou também que Animais possuem o instinto sexual, e os Homens a pulsão. O Ser humano tem impulsos sexuais, o que significa a força motriz na vida. Estamos todos inseridos nessa sexualidade desde o momento do nascimento, imersos nessas relações humanas intermediadas por pulsões.
O que quero dizer com tudo isso é que, até hoje, se dizia que o Homem é bicho que veio daqueles outros bichos. É bicho individuo, evoluiu do Ser apenas consciente e assim ficou. Acontece que um "brinquedo sexual", um objeto de prazer, vem nos mostrar que o Grande Freud estava e está certo, e que mesmo há 28 mil anos atrás o Homem já era dividido. Há 28 mil anos atrás o Homem não apenas utilizava os seus aparelhos reprodutores para um único fim. O Homem, já há 28 mil anos, pelo menos, "brinca" com seu corpo, e regojiza em sua sexualidade.
A descoberta desse objeto, curiosamente em terras da mesma língua em que Freud produziu seus escritos, é indiscutivelmente de grande significado. Se há milênios o homem já se encontrava na condição de Ser do inconsciente, como em 100 anos poderia ocorrer uma drástica mudança em nossa psique? Para os teóricos da consciência, talvez devamos esperar mais alguns 28 mil anos para que, quem saiba, a Psicánalise se torne obsoleta...
Monica S. C. de Oliveira