segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Alma antiga


Eu adoro andar por aquelas ruas. É um bairro belíssimo. Casas antigas, casarões. Tudo conta uma história. Glorias, tragédias, vulgaridades, paixões. As paredes dos prédios parecem contar algo de interessante a cada tijolo sobreposto. A riqueza e a simplicidade se fazem presentes. Fico a pensar nas particularidades que deveriam ter cada morador daquele lugar séculos atrás. Roupagem elegante, cores sóbrias, mentes nem tanto. Como a mudança dos tempos, e a máquina deve ter mudado as relações sociais! Ao andar por ali imagino pessoas que eram mais pessoas, que eram mais dadas à vida. Não eram santos ou demônios, mas eram personagens de suas próprias vidas, com menos informação e mais imaginação. As loucuras eram apenas gostosas aventuras dignas de serem escritas. O valor de ser era maior. Até na vulgaridade se podia enxergar a beleza. A poesia era parte do contexto. A beleza não estava na transgressão, estava sim na simplicidade de existir.

domingo, 2 de novembro de 2008

EGOSHOT




É... Quem escapa à própria imagem?

Eu não. A imagem não é o que eu sou, mas faz parte de quem eu sou. Uma parte importante, que me apresenta ao outro e que me dá uma forma no espelho. Carrega a idéia, uma dica do que é o meu nome, de onde venho e como se confluem os vários aspectos de mim.

Se sou assim tão parecida com tantas, sou ao mesmo tempo diferente de alguém. A busca constante é muito mais particular do que pertencente ao resto. O que eu quero é que o meus espelho vazio me dê os caminhos, que apresente a mim nem que seja um semblante do que enxergo como belo.

A beleza nos dá dica de quem somos e do que queremos. As formas são refeitas em cada olhar, por isso quem ama ao feio, bonito lhe parece. A harmonia está nos olhos de quem vê, e o amor enxerga no outro aquilo que conduz ao ser, Ser algo mais ou algo além de pouco. Algo que nos remete à nossa própria obscuridade. Trata-se de ego. Aquele que pensa dominar a casa, mas que talvez numa tentativa benéfica de sobrevivência, nos localize no mundo. Sem esse regulador fica complicado estarmos. Talvez a questão, contudo, não seja escapar à própria imagem, pois ela é fundamental, e sim compreendermos as verdades que ela tem a nos dizer...