Só pra saber. Escrever é bom pra liberar espaço de cabeças super-povoadas. Penso demais, e por que não dividir com alguém? Ou com ninguém. Só o fato de imaginar que estou a dividir minha inquietação já é interessante. Faço análise, bem não é essa a questão. Gosto de escrever e estava hoje a andar de ônibus e eram tantas palavras que estavam elas a me sufocar. Queria des-sufocar. Queria escrever. Geralmente, quando tenho uma folha à mão, e me surge uma poesia, eu a escrevo. Mas hoje não era uma poesia, era um mar de palavras. Não importa isso também. Sempre que vou escrever é assim, matalinguístico? Essa coisa chata de ficar escrevendo sobre escrever. Sou deslumbrada mesmo por palavras e ponto. Não tem muito o que se dizer sobre isso. O pior é quando a palavra te trai. Foi aí, nesse ponto, nesse doloroso ponto que minha inquietação aumentou.
Freud, O Mestre, já há um século laborou sobre o ponto em que a palavra trai. Mas o mais belo foi a importância que ele delegou a isso. Sabe quando as vezes dizemos algo que não queríamos ter dito, mas que apenas sai? E paramos, com as maçãs coradas, e pedimos desculpas? Bem, não há desculpa. Não há como se desculpar de algo no qual estás completamente implicado! Há culpa! E por isso coramos. Não há mais como consertar, aquilo já foi dito... E a palavra traiu, e pode ser que venha a angustia. Isso já é outro caso, depende do enrosco que essa palavra te colocar. Grande ambiguidade, o bem e o mal-dizer.
Qualquer que seja o lado, bem ou mal, a palavra enudece. É essa a frase que movimentou meus sentimentos essa tarde. Não há nudez maior do que a palavra. Falar é se despir, se erotizar perante o outro. Por isso os tímidos sente medo de falar. Sentem vergonha, medo de que os vejam nus... Sábios! Sabem muito das palavras, mas não querem que os peguem assim, nessa obscenidade.
E assim, quando se perde o controle das palavras, pode acontecer a agressividade. Quando se fala demais, sem controle do que saí, pode saber que tornar-se-á agressivo. É libido demais, ou se preferir, energia. Proferir, deferir... Ferir... Nem sem vestimenta há tanta precisão. As guerras seriam mais perigosas se fossem escritas, se a luta fosse uma palavra de cá, outra de lá. Os papéis se queimariam... ou seriam queimados. Há perigo na palavra.
Fazer amor ou fazer guerra, o que seria se falássemos todos a mesma língua? Por mais que assim fosse, não entenderíamos a mesma coisa. Quem disse que ouviríamos o mesmo? Brinquemos de telefone-sem-fio, antiga brincadeira, que prova todo engodo da palavra. Curioso, caso se lembre, ou se talvez fosse assim na sua rodinha de amigos, sempre surgia uma palavra obscena, certo? Ou um palavrão! É! Uma palavrinha obscena é um palavrão!
Bem, é isso... Explorar idéias... Me sinto aqui nua, depois desse... Texto! Será que alguém pensou em outra palavra? Ai ai! E finalmente, pode ser que ao escrever, ao explorar minhas idéias, a inquietação se transforme e seja uma produção. De uma mente super-povoada...
Palavra, quando acesa, não queima em vão... deixa uma beleza posta em seu carvão... e se não lhe atinge, como uma espada, peço não me condenes, oh minha amada, pois as palavras foram para ti amada...
ResponderExcluirGostei dos textos Mônica, vc poderia escrever aqui mais vezes.
ResponderExcluirEntender mais essa sua mente e imaginação férteis.
Psicodelia, desabafo, opinião, experiências...acho que vc tem mesmo muito a dizer e eu quero ouvir =)