Se existe algo de que me envergonho é a covardia. Não direi que sou a mais brava das bravas... Assumo aqui meus momentos covardes.
Quando me deparo com a covardia a pulsar, envenenar-me, me escondo.
Me escondo na escuridão da fortaleza que venho construindo por séculos...
Não poderia permitir aos outros que vissem tal imagem. A pele seca, olhos fundos, ausência da voz. A covardia é o pior dos vícios.
O completo covarde sorri cinicamente, sem saber do que verdadeiramente ri. O cinismo é resultado imediato do não-saber. Mas não-saber não é covardia; covardia é ignorar a verdade, a verdade de que nada se sabe.
De olhos bem abertos fico assustada com a minha própria fraqueza e assim, para ignorar, procuro a escuridão. Se assim permaneço me repugno cada vez mais. O castelo é duplo em seu destino: Glórias e Tragédias. Cabe ao Rei escrever a estória.
Se digo que me envergonho particularmente desse aspecto da minha humanidade é por entender que o covarde tenta fugir de sua saga. E para mim é impensável uma vida pequena... Assumo meus momentos covardes, mas estou aqui nesse não-saber exatamente para aprender, apreender. E deixo as espadas talharem pedaços e pedaços de meu couro, e com o viço da coragem criam-se desenhos mais belos de se apreciar.
Dentro de mim não cabe covardia e coragem. Não há espaço para que coexistam; assumir não significa admitir. Momentos de fraqueza tornam o guerreiro mais forte... Envergonhar-me é o indicador, o aviso de que este caminho não é o meu. Meu caminho é obscuramente épico.
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